A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, sem qualquer outro alimento líquido (água, sucos, chás e leites) ou sólidos, pois é comprovado que as crianças que deixam de ser amamentadas nos primeiros meses de vida e recebem alimentos não saudáveis, principalmente os industrializados, podem desenvolver doenças como obesidade, hipertensão e diabetes. A alimentação saudável favorece o crescimento e desenvolvimento adequado da criança, além de prevenir deficiências nutricionais e o aparecimento precoce de doenças, que anteriormente, eram mais comuns em adultos.
Depois do sexto mês de vida, o leite materno não é capaz de, sozinho, garantir todos os nutrientes que o bebê precisa, especialmente o ferro, que pode causar anemia na criança, por isso, outros alimentos são necessários para complementar a alimentação. Essa idade é a mais recomendada para introdução de novos alimentos pois, antes dela, o sistema digestivo ainda não está preparado para digerir outros alimentos, além do leite materno. É nessa idade, também, que o sistema imunológico da criança estará mais forte para combater eventuais infecções ou alergias decorrentes da introdução precoce de novos alimentos.
“Após os seis meses, além do leite materno, devem ser introduzidos, aos poucos, outros alimentos em três refeições ao dia (papa de fruta no meio da manhã, papa salgada no almoço e novamente papa de fruta no meio da tarde). As frutas, deverão ser amassadas com garfo ou raspadas, e oferecidas na colher. A papa salgada (almoço) deve ser preparada com legumes e/ou verduras, juntamente com cereais ou tubérculos (exemplos: arroz, batatas, macarrão), carnes ou ovo e feijão amassados no garfo e colocados separadamente no prato para que a criança possa reconhecê-los”, explicaram as nutricionistas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Ana Lúcia Cunha e Giovana Salgado, que dão dicas para iniciar a introdução alimentar com as crianças.
Para as nutricionistas, o melhor é iniciar com as frutas amassadas e na medida que a criança for aceitando, oferecer as frutas em pedaços e inteiras. Ao completar sete meses, a criança deverá receber duas papas de frutas (manhã e tarde) e duas papas salgadas (almoço e jantar). Dos 12 até os 24 meses, a criança deve continuar sendo amamentada e receber três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches (fruta ou cereal ou pão), conforme o quadro abaixo. Nessa fase, ela já pode receber a alimentação básica da família exceto os alimentos industrializados, gordurosos e com excesso de sal. A água, filtrada ou fervida, deve ser introduzida nos intervalos das refeições.
Esquema alimentar para crianças amamentadas
Procure oferecer os alimentos de maneira regular, mas sem rigidez de horários, em intervalos de duas a três horas entre as refeições, para que a criança sinta vontade de se alimentar. No início, alguns alimentos podem ser rejeitados, porque tudo é novidade (a colher, o sabor e a consistência do alimento). Há crianças que se adaptam facilmente enquanto outras precisam de mais tempo. Nos primeiros dias, a mãe pode amamentar ao perceber que a criança ainda está com fome, caso não aceite bem os alimentos novos.
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A alimentação complementar deve ser espessa desde o início, em forma de papas ou purês, para estimular a mastigação da criança e garantir a oferta adequada de todos os nutrientes. As nutricionistas reforçam a importância de oferecer gradativamente diferentes consistências, assim a criança aprende a mastigar com a gengiva, que vai favorecer também a futura dentição.
“O ideal é fazer a introdução lenta e gradual dos alimentos para avaliar a aceitação da criança, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais para continuar protegendo a criança contra doenças”, explicaram.
Os alimentos devem ser preparados especialmente para a criança, bem cozidos, com pouca água até ficarem macios, e deverão ser amassados com o garfo. As carnes devem ser desfiadas e separadas em porções no prato para que a criança possa reconhecê-las. O liquidificador e a peneira não devem ser usados.
No preparo da papa salgada devem ser usados temperos frescos como cebola, alho, salsa, cebolinha e pouco sal. No caso de preparar os alimentos ensopados e refogados, os óleos vegetais podem ser utilizados. Não devem ser usados temperos e alimentos industrializados, apimentados, muito gordurosos, como bacon e os embutidos (linguiças, salsicha e presunto). Também não devem ser adicionados açúcar, mel, farinhas ou geleias nas frutas, e nem oferecidos balas, gelatinas, chocolates, refrigerantes, biscoitos salgados ou recheados.
Uma alimentação variada é uma alimentação colorida, a cada dia um novo alimento de cada grupo deverá ser escolhido para compor a papa. As profissionais aconselham a oferecer duas frutas diferentes por dia, principalmente as amarelas ou alaranjadas que são ricas em Vitamina A.
“Sempre que possível, ofereça carne nas refeições, e uma vez na semana ofereça vísceras ou miúdos que são boas fontes de ferro. Para que o ferro presente nos vegetais folhosos e feijões seja melhor absorvido, estes alimentos devem ser consumidos junto com os ricos em vitamina C, como por exemplo laranja, limão, goiaba e acerola”, recomendam.
É importante estimular a criança a comer diariamente vegetais, legumes e frutas. Caso ela recuse, esses alimentos devem ser oferecidos novamente em outras refeições. “O ideal é que sejam separados em porções no prato, para que a criança conheça novos sabores, cores e texturas. Algumas podem precisar experimentar pelo menos de oito a dez vezes determinados alimentos até aceita-los”, afirmaram as nutricionistas.
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Grupos de alimentos (exemplos)
Fazer as refeições junto com a família ajuda a incentivar a criança a experimentar novos alimentos, por isso, é importante que, desde o começo da introdução alimentar, ela se sente à mesa. A cadeirinha de alimentação permite que a criança não só participe da refeição em família como aumenta o campo de visão dela. “A criança que vê os pais comendo fica mais propensa a experimentar os alimentos novos. No entanto, elas não devem “experimentar” de tudo, como por exemplo, iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, salgadinhos, refrigerantes, frituras, cafés, embutidos, enlatados, chás e doces. Por isso, é importante que os pais tenham bons hábitos alimentares”, explica a nutricionista Ana Lúcia Cunha. Os irmãos também devem ser orientados pelos pais a não oferecerem esses alimentos aos menores.
Quando a criança não estiver com fome não é preciso insistir ou utilizar de prêmios ou castigos para que ela coma o que os pais ou cuidadores acreditam que seja o necessário para ela. É importante distinguir os sinais de fome de outras situações de desconforto da criança como sede, sono, frio, calor ou fraldas sujas.
“Se a criança é forçada a comer de forma contínua ela vai perdendo gradativamente sua percepção de saciedade, levando a um risco aumentado para desenvolvimento de excesso de peso e obesidade nos anos seguintes”, afirma a nutricionista Giovana Salgado.
Por mais que a criança se negue a comer, tente manter a neutralidade emocional para não transmitir nervosismo. Segundo as nutricionistas, outro hábito a ser evitado é substituir as refeições. “Quando você faz isso, está ensinando ao seu filho que é só se negar a comer para ganhar aquilo que ela gosta, e fica tudo bem”, explicaram elas.
Fonte: Blog Saude.gov.br
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