Aos 39, Renato Paulino sempre teve uma ligação forte com a mãe, Maria da Conceição de 72 anos. Alguns meses após ter sido erroneamente diagnosticada com Alzheimer, ela foi colocada em um asilo.
Renato ficou com a consciência pesada, pediu demissão e decidiu cuidar integralmente dela. “Enquanto minha mãe estiver doente, quero viver para ela e por ela”.
Em entrevista ao site Uol ele conta como toda essa situação aconteceu :
“Minha mãe morava em Minas Gerais e uma vez por mês vinha nos visitar em São Paulo. Nessas visitas, notei alguns comportamentos diferentes nela. Ela, que era bem ativa, ficou confusa, achava que as pessoas na TV estavam falando com ela, não conseguia lembrar as datas da semana, ficava insegura de sair sozinha, comprava algumas coisas por impulso.
Eu a levei ao neurologista, ele fez um histórico clínico dela e pediu uma tomografia. Ele me chamou e disse: ‘Renato, a dona Maria da Conceição está no primeiro estágio de Alzheimer.
Pensando no bem-estar e conforto da minha mãe, minhas irmãs a colocaram em um asilo no dia 6 de fevereiro de 2017. Eu ia visitá-la quase todos os dias, mas, em um mês de internação, fiquei mal e meu rendimento caiu bastante no trabalho. Eu era auxiliar de vendas. Fiquei com a consciência pesada.
Entrei em um quadro depressivo, faltava no emprego e não saía da cama para nada. No dia 29 de março, no meu aniversário de 37 anos, uma vizinha entrou no meu quarto e disse: ‘cria vergonha na cara e faz o que o seu coração está pedindo.
Pedi demissão do emprego e, no dia seguinte, a tirei do asilo e a levei para casa.
O asilo era um lugar idôneo e seguro, ela foi bem tratada, mas acredito que piorou pela tristeza de estar longe de casa e dos filhos.
No começo não foi fácil virar cuidador dela, fiquei completamente perdido e pedi a Deus para me capacitar. Precisei me adaptar para atender às necessidades dela. O primeiro passo foi estudar a doença e focar na alimentação, pois ela estava desnutrida.
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Depois achei um grupo de apoio aos cuidadores de pacientes com Alzheimer, Anjos que Cuidam, no Facebook, onde buscava orientação.
Como homem, no início foi estranho e minha mãe ficava com vergonha de eu trocar a fralda dela e dar banho, mas eu dizia: ‘Mãe deixa de ser boba, sou seu filho. A senhora fez tudo isso em mim quando eu era criança.’
Em 2018, comecei a desconfiar do diagnóstico de Alzheimer porque o médico trocava a medicação com muita frequência e nada fazia efeito. Busquei a opinião de um segundo neurologista. Ele pediu novos exames, investigou o histórico dela e a diagnosticou com demência frontotemporal e hidrocefalia.
Durante dois anos, minha mãe foi tratada de forma errada com Alzheimer. Com o tratamento correto, ela ficou estável. A doença não tem cura.
A geriatra me aconselhou a curtir o máximo com ela enquanto ainda posso levá-la para passear mesmo que seja de cadeira de rodas, porque vai chegar a fase de ela ficar acamada.
Por isso, sempre que posso eu saio com ela, nós vamos ao parque, ao shopping, na festa dos meus amigos durante o dia. Também tento ter uma vida social dentro do possível. Eu saio às sextas ou sábados depois que ela dorme e volto de madrugada, antes de ela acordar. Meu irmão fica de olho nela.
Não tenho planos de me casar e de ter filhos. Enquanto minha mãe estiver doente, quero viver para ela e por ela. Hoje tenho minha consciência tranquila, porque sei que ela está perto de mim.
Prometi a Deus e a justiça dar dignidade a ela”.
Fonte : UOL
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