Ezeir Alves da Silva corria o risco de esquecer a própria filha após a cirurgia, mas o imenso amor dele por ela fez com ele encarasse a cirurgia delicada no cérebro .
No começo do ano Ezeir passou a ter crises que ele achava que eram de ansiedade. Depois de começar um tratamento que durou 6 meses e ver que os remédios não estavam funcionando, ele procurou um hospital público em sua cidade que tinha atendimento neurológico, e um exame revelou que na verdade Ezeir tinha um tumor, já de 7 centímetros.
Como o tumor estava numa região muito sensível, os médicos precisavam que a cirurgia fosse feita com o paciente acordado, para reagir a estímulos elétricos no cérebro e até realizar tarefas.
O engenheiro Ezeir Alves da Silva, de 33 anos, foi o primeiro paciente da região, a passar por este tipo de procedimento que durou oito horas.
Com uma espécie de caneta, os médicos aplicavam os estímulos elétricos em diferentes pontos do tumor. Se um abaixa voltagem já fizesse um músculo reagir, era sinal de que aquela área do tumor estava perto do tecido cerebral saudável, o que era melhor não mexer.
“Enquanto o paciente está conversando, realizamos os estímulos nas áreas limítrofes ao tumor. Se o paciente apresenta alguma alteração ou dificuldade, sabemos que aquela região deve ser preservada. Ou seja, mapeamos as áreas cerebrais eloquentes a serem evitadas durante a ressecção do tumor”, explica o neurocirurgião Dr. Rafael Pereira Monteiro.
A primeira etapa da cirurgia – até a abertura do crânio – ocorre com o paciente totalmente sedado. Depois de ser acordado, Ezeir reagiu o tempo todo aos estímulos enquanto conversava com a equipe médica.
Nos testes feitos pelo neurologista Dr. Marcelo, o paciente disse o nome de alguns desenhos, interpretou uma imagem e leu algumas frases. Também falou o nome e a idade da filha, a pequena Clara.
“Minha filha é muito importante para mim, independente da situação eu amo ela acima de tudo”, afirmou, durante a cirurgia.
Depois de oito horas, 90% do tumor tinha sido removido e a cirurgia foi considerada um sucesso. A força para sair dessa, o Ezeir sabe de onde vem: Clara, a filha de dois anos.
“Considerando que o objetivo era retirar a maior quantidade de lesão possível preservando as funções de linguagem, motoras e cognitivas, é possível dizer que a cirurgia foi um sucesso e obteve o resultado esperado. Conseguimos oferecer ao paciente a possibilidade de manter sua qualidade de vida mesmo diante de uma doença potencialmente grave”, avaliou o neurocirurgião Dr. Rafael Monteiro.
A recuperação ainda leva uns meses, que ele vai curtir com calma, com a pessoinha que em nenhum momento saiu da cabeça dele.
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