Na vida não há dor maior do que uma mãe perder um filho. Mas, muitos irão dizer : – Ah, mas é uma morte invisível! Não, não existe morte invisível. A mulher que teve um aborto espontâneo sofre muito e precisa ser acolhida e atendida.
A mãe que sofreu um aborto espontâneo precisa do apoio de todos a sua volta. Da ajuda do parceiro, da família, dos vizinhos e da comunidade. A mulher está passando por um luto e ela precisa elaborar esse luto para não cair em profunda depressão.
Na maioria dos casos o companheiro e a família também estão sofrendo muito com essa perda. Então, a mulher precisa se permitir essa dor e não esconder.
Por isso, se você teve um aborto espontâneo, não esconda esse sentimento. Procure a ajuda de um profissional e também de pessoas de sua confiança. Elas podem te ajudar a vencer esse momento difícil e a elaborar esse luto. Não perca a esperança.
Segue uma entrevista da Dra. Maria Sara de Lima Dias, psicóloga e professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança. Transmitido pelo Programa de Rádio 1502, no dia 06/07/2020, com o título: Aborto espontâneo: impacto físico e psicológico
O aborto espontâneo é mais comum do que a gente imagina, mas muitas vezes, é necessário um suporte psicológico para que a mulher consiga superar essa sensação de perda, que é física e também é psicológica.
A maioria dos abortos acontecem porque o bebê não está se desenvolvendo.
Ainda como embrião, tem alguns problemas, parou de se desenvolver. Aquilo que a gente chama de gravidez ectópica, por exemplo, tubária. Às vezes, pode ser problemas em cromossomos. Uma massa de cistos muito grande. Enfim, as condições de saúde da mulher também interferem: diabetes, tireoide, problema com o útero, infecções não tratadas. Às vezes, as próprias atividades cotidianas da mulher. Muito estresse, acidentes em casa, uma queda, também são prejudiciais.
Para prevenir o aborto é preciso ter uma alimentação saudável, acompanhamento médico, evitar o uso de qualquer tipo de droga, manter uma atividade física mais tranquila. A mãe que se cuida, e que tem a sua gestação bem acompanhada por uma equipe médica, ela tende a estar mais preparada para receber esse bebê.
A culpa tem muito a ver com as expectativas que as pessoas nutrem em torno da gestação e aí muitas mulheres também se sentem culpadas como se elas não tivessem conseguido: “Não consegui ter uma vida tranquila como gestante, não consegui levar a cabo a minha gravidez”. Então, para tratar a depressão, que vem depois de um aborto, a gente recomenda que procure um tratamento terapêutico, um psicólogo.
Hoje, a grande maioria das universidades de psicologia tem atendimento gratuito, psicoterapêutico para mães, pais. A gente orienta que procurem esse tipo de atenção à saúde.
Muitas vezes, o companheiro e demais familiares não entendem. A família tem uma grande expectativa em relação à gestação. Então, a gente orienta que os familiares baixem a expectativa, principalmente nas seis primeiras semanas e que apoiem a mulher que tenha sofrido um aborto.
É um direito da mulher buscar novamente uma gestação, mas a gente aconselha que ela faça isso se ela realmente estiver segura para essa gestação. Ou seja, que ela tenha tempo para cuidar do bebê, para cuidar de uma alimentação adequada e garantir que as condições que levaram ao aborto foram modificadas.
É muito importante que ela planeje o que realmente não deu certo nessa primeira tentativa para que não volte a ocorrer, porque lidar com o aborto espontâneo é muitas vezes frustrante e dolorido para muitos casais.
É muito importante estar envolvido no projeto de vida da mulher. Quer dizer, tem que ser um projeto de vida do casal, tanto o homem quanto a mulher, eles têm que saber se realmente querem esse bebê. E aprender a lidar com a frustração.
No aspecto psicológico, eu acho que a gente tem que apoiar a mãe a buscar então esse atendimento para que ela recomece esses seus projetos de vida.
Em grupos de ajuda, grupos de mulheres, grupos de apoio, o próprio grupo das universidades, os grupos terapêuticos, a comunidade. Também é importante procurar acompanhamento médico e tentar acompanhar o bebê se engravidar novamente, acompanhar a gestação durante todo o processo.
Fonte: Pastoral da Criança
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