Um fim trágico acabou se transformando em um recomeço esperançoso para uma família de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense.
A mãe era paciente renal grave e aguardava por um transplante há 10 anos. No fim da última semana, ela passou pela tão esperada cirurgia, mas o que ela não poderia imaginar é que o doador seria seu próprio filho, que teve morte encefálica decretada após um acidente de moto, conforme noticia do G1.
A família achava que poderia doar o rim do irmão morto direto para a mãe, mas foi informada que o destino dos orgãos doados segue um protocolo e é sigiloso.
“Nós ficamos muito abalados com tudo o que estava acontecendo e quando nos perguntaram sobre a doação, a primeira coisa que pensamos era que o rim poderia ser doado para a nossa mãe. Mas os médicos nos explicaram que não era possível escolher, que o procedimento é sigiloso e segue critérios. Ficamos sem chão”, contou uma das irmãs.
Frustrada com a notícia de que a mãe deveria enfrentar a fila e poderia não receber o órgão, Isabela, uma das filhas, conta que chegou a cogitar a possibilidade de não autorizar a doação, mas foi surpreendida pela reação da mãe que comentou:
“A nossa tristeza de hoje vai se tornar a alegria de outras pessoas e, um dia, a tristeza de outra família será a nossa alegria’.
“A sabedoria da minha mãe fez a gente tomar a decisão certa”, contou a filha.
A família de Magno autorizou a doação de rins, fígado e coração, órgãos que salvaram a vida de quatro pessoas. Entre elas, a da própria mãe. Informação que só chegou à Maria Isabel e sua família momentos antes da cirurgia.
“Minha mãe recebeu uma ligação do hospital dizendo que ela foi selecionada para o transplante e que precisaria passar pela triagem. Outras cinco pessoas também foram chamadas e fizeram a triagem, mas minha mãe foi a escolhida porque o nível de compatibilidade era muito alto. Foi aí que nosso coração começou a sentir que o rim era do meu irmão”, conta Isabela.
A constatação, segundo a filha, veio quando Maria Isabel recebeu algumas informações básicas sobre o doador.
“A equipe médica informou para a minha mãe que ela receberia um rim de um doador de morte encefálica, de Campos dos Goytacazes, de 34 anos e 6 meses. Só houve aquela cirurgia de captação na sexta-feira e as informações batiam exatamente com o caso do meu irmão. Era ele”.
Maria Isabel fazia hemodiálise há 10 anos e teve 100% de compatibilidade com o órgão do filho.
“Essa história é uma história muito excepcional e rara e, porque não dizer também, emocionante”, afirmou o psicólogo do programa municipal de transplantes NF – Transplantes, Luiz Cosmelli ao G1.
De acordo com familiares, Magno já havia se disponibilizado há alguns anos para ser o doador do rim que sua mãe tanto precisava, mas Maria Isabel não aceitou por considerar o filho muito jovem para se submeter ao procedimento.
“A cirurgia dela foi um sucesso, independente da dor. É um momento muito difícil, um momento de perda. Realmente é algo que não tem como voltar atrás. Mas dessa experiência Deus fez um plano muito lindo nas nossas vidas e realmente a gente não explica os planos de Deus”, afirma a filha.
Fonte: G1
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