A criação dos filhos é o ato de educar e moldar o caráter das crianças à medida que crescem, é o processo de formar e orientar crianças para que se tornem adultos responsáveis e independentes. Para isso pais e mães devem trabalhar juntos.
Segundo o relatório “Situação da Paternidade no Mundo 2019” produzido por Promundo, co-coordenação da MenCare: Uma campanha global de paternidade – que atua em mais de 50 países, 85% dos pais dizem que fariam qualquer coisa para se envolverem mais no cuidado de seus filhos.
Se o resultado é esse, então o que está impedindo os homens de fazerem isso?
O relatório identificou três grandes barreiras:
Muitos países sequer tem licença paternidade e quando tem, são de poucos dias e não equivalem ao salário integral. Por exemplo, no Brasil a licença paternidade é de apenas 5 dias, podendo chegar a 20 em alguns casos, enquanto a licença maternidade é de 120 dias.
Por outro lado, no Japão a licença paternidade é de 52 semanas mas, o pai só recebe o equivalente a 58% do seu salário integral, nestas condições, que pai vai querer tirar licença paternidade? Pois quando mais precisa de dinheiro querem lhe reduzir a renda quase pela metade.
Um exemplo de país com uma licença paternidade igual à licença maternidade é a Suécia. Na Suécia, o sistema de licença parental permite que os pais compartilhem o período de licença com as mães, resultando em um sistema de licença parental igualitário.
Ainda temos na sociedade mundial com um todo as normas restritivas de gênero que posicionam a criação dos filhos como responsabilidade das mulheres, juntamente com a percepção de que as mulheres são cuidadoras mais competentes do que os homens.
O mundo na sua totalidade ainda está evoluindo a passos lentos e lerdos para a igualdade da criação dos filhos.
A sociedade ainda crê que é dever exclusivo das mulheres o cuidado com as crias e que o homem não tem capacidade ou necessidade de assumir esta tarefa. Diante desta situação e sem nenhuma pressão alheia, que homem vai assumir seu papel de pai presente?
Para se ter ideia da percepção disso na sociedade brasileira temos uma matéria aqui no site, que mostra o resultado de uma pesquisa da Ipsos, que ouviu mil pessoas no Brasil, e que revelou que um quarto dos entrevistados (26%) acredita que “um homem que fica em casa para cuidar dos filhos é ‘menos homem'”.
Esses dados apontam para a persistência de estereótipos de gênero que associam a masculinidade à provisão financeira, enquanto relegam os cuidados com a família ao papel feminino.
Segurança econômica sem dúvida nenhuma é uma preocupação enorme na criação dos filhos. Para se ter uma ideia, no Brasil segundo estatísticas, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade ficam fora do mercado de trabalho porque foram demitidas logo após o termino da licença maternidade ou porque não tinham com quem deixar os filhos.
Imagina se um homem vai querer tirar licença paternidade com este medo nas costas?
Mesmo diante destes 3 fatos primordiais, apontados pela pesquisa como motivos para o pai não participar ativamente da criação dos filhos como ele gostaria, ainda acredito que o que pesa mais é a mentalidade de cada um.
Se o pai acredita que pode e deve ser presente na vida do filho tanto quanto a mãe, ele vai lá e bota a mão na massa, arregaça a camisa e não está nem ai para o resto. Jeito sempre tem quando sentimos que é a coisa certa a ser feita.
A mentalidade do homem a respeito da paternidade ainda tem que evoluir e muito para perceber o quão é importante o seu papel na criação dos filhos, enquanto isso não acontecer serão quando muito, apenas um ajudante da mãe.
É o momento de compreendermos que a participação ativa dos pais é benéfica para todas as partes, e que tanto homens quanto mulheres compartilham direitos e responsabilidades igualmente no ambiente doméstico e na criação dos filhos. Embora o caminho rumo à igualdade seja desafiador, é um esforço que vale a pena para forjar uma sociedade mais justa e equitativa.
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